Nas Rédeas De Uma Sociedade
Eu queria achar feio os meninos de rua, mas eu acho linda a esperança de cada um deles.
Eu queria achar feios as “mulheres da vida”, mas eu acho maravilhosa a fibra tirada do ímpeto oculto, superando os preconceitos.
Eu queria achar feio os homossexuais, mas eu acho esplêndida a liberação dos desejos, amando ao outro, sem se importar com outros.
Eu queria mas não posso.
Eu não poso achar feio o problema do menor, quando na verdade o problema é do maior. “O problema é do menor abandonado?”Ah não, é do maior abandonante mesmo...
Eu não posso achar feio as mulheres da vida, quando tantas camufladas não fazem as claras e querem dar a lição.
Eu não posso achar feio dois homens se amarem de um lado, enquanto na divisa, outros tantos se matam, machistas, por se estranharem e odiarem .
Eu não posso, mas eu quero.
Eu quero achar feio o preconceito sem razão, o descaso, a deixa, o fingir que não há; porque não quero que me deixem , que finjam que eu não existo, que me tenham descaso e me ocultem sem por quê.
Se querer pode ser poder, então, por que eu não posso?
Eu poso ser como eles, tentando não fazer o que a sociedade quer que eu faça, formando grupos excluídos e tentando ser feliz.
Eu posso ser como eles, libertos das correntes criadas por todos, se soltando de suas repressões, desinibindo e sendo mal compreendidos.
Eu posso ser como eles, não obedecendo àqueles que não tem o direito de mandar, não aceitando as opiniões daqueles que não tem o direito de criticar.
Eu não posso ser como tantos me dando o direito que não tenho por direito; criticando outros por conseguirem fazer tudo aquilo que eu tenho vontade de fazer mas que não faço, por viver única e exclusivamente nas rédeas de uma sociedade...
Uma sociedade onde quero ser socialista, mas não me deixam;
Onde quero ser humilde, mas não me deixam;
Onde quero ser feminista mas não me deixam;
Uma sociedade onde quero ser apenas eu...
Mas não me deixam!
Lágrimas Secas
Quem anda pelas lágrimas perdido,
Sonâmbulos dos gelos flagelados,
É quem deixou para sempre esquecido
O mundo e os simples acontecimentos do passado.
É quem cruzou campos de guerra e de paz,
E exitou demais.
É quem pegou raios de sol e de chuva,
E entre muitos e muitas, lutos e lutas,
Permaneceu cantando.
Quem andou pelas lágrimas perdido,
Não mais estará vagando.
Suas lágrimas secaram.
Sentiu medo e continuou andando...
Tenho Pressa
Tenho pressa!
Teu amor já não me resta
E restei da guerra de amar.
Viverei cada segundo que houver
Sem querer cessar,
Para sugar todo o caldo de amargura
Que no caminho restar.
Quero chegar cedo!
Não mais sentir entre os dedos
O calor das palmas se afastando...
Contemplarei os vivos,
Vivendo também apressados,
Morrendo aos poucos, exaustos
E derrotados na luta de amar.
Viverei com a ausência dos tormentos tortuosos
Das paixões arrebatadoras,
Pois quero me sentir livre na morte
Do que já mais pude na vida...
E restei...nesta vida minha sem amor na vida,
Teu amor já não me resta!
Então, não me faça restar...
Esse Ser Tão Estranho
Quem é você? Esse ser tão estranho...
Ser que chora sem saber porque,
Ser que ama sem saber amar,
Ser que sente sem saber o quê,
Ser que humilha sem saber tratar,
Ser que sonha sem saber sonhar.
Quem é você?
Que pode mas não sabe, e se revolta com outros porque sabem e já não podem mais.
Quem é você que quando o dia amanhece começa a desfrutar,
E que quando chega a noite começa a lamentar e se revolta com a vida por não vê-la passar?
Quem é você? Esse ser tão estranho...
Ser que odeia querendo amar,
Ser que grita sabendo cantar,
Ser que briga desejando a paz ,
Mas por dom, dificilmente a faz!
A Guerra Da Ignorância
Outro dia, ouvi a televisão noticiar mais uma guerra:
"A Guerra Da Ignorância!"
E eu quis declarar guerra contra ela.
Preconceitos estreitos não permitiram que uma nação enxergasse um só Deus.
E tentaram dividi-lo.
Dividiram Deus ao meio e cada grupo afirmava que sua parte era a verdadeira;
E no meio disso, havia uma bandeira de um terceiro grupo que clamava a união, gritando:Guerra Não!
Na disputa valia tudo: pisar, massacrar, ser fariseu, até matar em nome de Deus.
Mas ele inteiro permaneceu.
Somente ele une, somente ele separa.
Mas o povo aqui é quem declara guerra contra suas leis; guerra outra vez!
E Deus nada fez.
Apenas quis que compreendessem que a guerra ignorante é como a da formiga X elefante.
É a Guerra contra Deus!
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