Descrevendo Um Poeta
Creio que de mim, dei apenas a melhor parcela:Palavras destiladas lentamente,Como o suor das pedras, após as tempestades.Prostituída do desejo de criar,Em versos desatentos,O meu próprio Universo,Acabei por me entregarà mais antiga profissão dos pensadores.Povoei meus mundosCom a Vida que me foi negada em vida...E surpreendi-meNa desilusão da realidade...Metáfora das metáforas:A essência poéticaÉ uma vivência hermética !Busca, o Poeta, ocultar, em suas palavras,O sentido da sua própria expressão.Em cada figura, uma armadilhaAo leitor desatento:"Não me lerás assim, tão facilmente !Decifra-me e, ainda assim, te enganarei !"Posso afirmar que não há segredo mais guardadoQue a Alma do Poeta !Ele não tem compromissos...Nem Razão !Busca, na contradição,Distrair, do leitor, a atenção.E, nos melindres de sua paixão,Despistar sua própria emoção.Sofre, com as Palavras !Não somente com a Alma...Devora-lhe o temorDe ser, um dia, desvendadoPela interpretação, desmascarado,Exposto à crítica,Ao mais vulgar entendimento,Qual um texto banal...Assim, fugindo à lógica,Persegue, em tortuosos labirintos,Encontrar a sua própria, e ainda que absurdaVerdade !
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