sábado, 19 de novembro de 2016

Fragmentos do livro Metabólico 4



Antes de ti tudo era dor.
Tudo escuro e estranho
Sem senso, só dor.
Mas agora é tamanho
O sentido que dou
A tua presença, ao teu amor

Antes de ti tudo era pó.
O mundo, e eu, só.
Tudo sem cor nem tamanho
Disforme e pior
Tudo sendo ausência
Só sentia ser forte
Em tua falta a presença
De quem em mim dorme.

Inconstante e pesado
Nesse mundo isolado
Me encontraste então,

Esse ser imundo
Parte do teu mundo,
Hoje tua razão.

E assim se engata
Neste mundo sem graça
Nossa história de amor.

Entre dias e noites,
Vivendo mais um pouco
Vamos vivendo mais.
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Ninguém quer me aceitar
Eu não me aceito
Há batalha em mim.
Um arsenal de guerra,
Numa luta sem fim.
Sem trégua e sem nada
Nada além de mim,
Disputando comigo
Uma luta sangrenta
Orquestrada por ti.

Não acaba essa guerra
Vou morrendo assim.
Vitimada por armadas
Sempre desastrosas
Criadas por mim.

Imploro uma trégua
Imediata, sem fim,
Pois essa batalha
Cruel que se espalha
Está causando meu fim.

Mas sinto que essa guerra
Não há de findar.
Se uma parte der trégua,
Outra insiste em se armar
Dividindo meu ego
Resistente a lutar.


Todos de mim fogem,
Não querem lutar
Essa guerra incessante
Que não quer terminar.

Eu me perco, me acabo.
Não há pena de mim.
Há um ser abatido
Que mesmo machucado
Teima em resistir
Atacando depressa
Outra parte de mim,
Duelando constante
Lutando até o fim.
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De tudo o amor se faz presente.
Impulso premente.
A madrugada doente
Embala o pensar
Irritando aqueles que se ausentam
E você a estar
Numa frenética ação
De se reinventar.

Noite densa que enfada e dá forma a meu mar,
Se me sinto culpada,
Não consigo parar
De punir-me em tom sério
Onde perdão não há.

E assim me flagelo
Por me condenar
Culpada por novamente errar
Todos sempre condenam
O jeito salutar
Que me movo e me enfrento
Mas jamais haverá
Quem mais me condene
Que mim mesma aqui já
Posta e sempre pronta
A comigo lutar,
Infringindo a mim mesma
Penas de impressionar
Me flagelo e me puno
De novo por falhar.

Quando remissada dos pecados enfim,
Surge um lado meigo, com pena de mim,
Mas me sinto culpada por de novo penar
E assim volta o ciclo
Novamente a girar.

Não há quebra ou barreira
Que faça parar,
Pois se ora sou faceira,
Outrora salutar.
Me divido entre a culpa e a pena a aplicar.
É entre amor e ódio
Que meu ser sempre está.
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Hoje agradeço o tino
De escrever começar,
Que nascera acanhado
Sem querer começar.

Foi surgindo aflorando
De meu ser a brotar
As palavras que teimam
Em me revelar.

Se meu ser é segredo
A escrita está
Revelando a mim mesma
E expondo o que há.

Dentro de mim há palavras
Que destoam a bailar.

Eu insisto, insisto comigo.
Não há paz, há perigo
A me rodear.

O momento é propenso,
Não consigo, mas tento
Por todos parar

De atingir a mim mesma
E no outro acertar.

Eu insisto comigo, de novo a tentar.
Parar reparando
E nos erros acertar.

Mas que pena, no embate
Sou ruim a mirar…
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Me exponho, sem a ti me mostrar
Não realizo o que dá pra realizar.
Vivo morrendo aos poucos no altar
Que subo descendo errante
Querendo acertar.
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A lua brilhou pra mim.
Só eu contemplei o luar.
Sua luz a incidir me
Fez me única a contemplar
A poesia trazida por este luar.
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Eu não esqueço de ti.
Te vejo, te trago, remou 

Eu não esqueço de ti, me doo.

Não esquecendo de ti
A vida vou levando.

Lembrando de ti,
Vou rememorando

O que eu nunca esqueci
Entrando

Tão dentro de mim
Insano.
Somos
Memórias em pedaços assim.

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A moça a reclamar
Não conhece meu penar.
Não digo, me calo
E ela esquece
Que sou alguém a pensar
E pensando faço
Enquete para indagar.
A moça parada em seu canto
Não vê que estou a rodar.
Rodando e girando
Eu fico a relutar
Relutando parafraseando
A moça vive a me olhar.
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Eu não quero parar.
Eu não posso parar
Comecei sem intuito
De tudo contar
Mas aqui aflorando
Tudo passou a constar.
E me revelando
Permaneço a ficar
E assim vou ficando
Vagando no ar.
Vou me revelando.
Não posso parar.

Eu quero pedir,
Mas posso implorar,
Que aos meus deslizes
Possa perdoar,
Consentindo aos meus erros
Remissão no altar,
Pois sempre me arrependo
Quando me ponho a errar.
Vou errando buscando
Certamente acertar,
Mas se erro me ponho
Logo a me flagelar.

Quero pedir que me aceite
Tão logo o luar,
Ilumine minhas falhas
E as façam ressaltar
Diante de teus olhos
Tristes e me fitar.

Eu peço, imploro
Sei também perdoar.
E assim vou buscando
Seu perdão encontrar.


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