O que se passa por aqui,
Só o papel revela
O abismo que há em mim.
A escrita que
assombra
Cutucando uma mente
Que busca em vão
Que outros aceitem
Mesmo sem compreensão
O que sou, como penso,
Não me ferindo, não.
A noite perpassa as horas sem fim
Em que traduzo o que há em mim.
Incomodo, provoco inquietação
Nos demais que destoam
Em circulação.
Me olham e não veem
O que há de tão
Assombroso e feio
Dentro do meu coração.
Já não me pega dormindo,
Há insônia em tudo aqui,
Só há tua lembrança
Habitando em tudo, enfim.
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Ele
em Mim
Só alguém que há lá em cima
Sabe tudo e bem de mim
Porque Ele habita dentro
Em todo o meu ser, sem fim.
Me aceita, entende
Sem discriminação.
Só Ele me assiste
E não passa sermão
Isso é o que importa.
O resto, não.
Eu o sinto agora
Ao meu lado e então,
É isso o que importa.
Todo o resto? Não!
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Nada faz o impulso premente de escrever
Deixar de traduzir todo o meu ser.
Que a ninguém se revela em outra situação
Por isso tudo passa em minha mão.
Tenaz e com audácia
A mistura que há
Nestas linhas tortas
Também podem ajudar.
E não há outro jeito
De se extrair de mim
Toda a dor que no meu peito
Cravaste fundo assim.
Sem temor, sem piedade,
Me matando aqui
Nessas linhas mortas,
Mato você em mim.
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A noite não é pra canção
Não é pra chorar,
Nem escrever em vão.
Interponho a dureza
Que há em meu coração
E só a mim interessa
Aos demais, NÃO,
Pois é sobre minha alma
Essa reflexão.
Se identificares algo similar aqui
É o acaso a testar tua força em ti.
Se nada for acaso,
Te assemelhas a mim,
Pois é sobre minha alma
Que escrevo, enfim.
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O mundo me faz pensar,
Interpela minha alma,
Me indigna e me faz amar
Com assombro, até as falhas
Que demais no mundo há.
O mundo me faz surtar
E me sentindo insana
Não encontro meu lugar
Num mundo que transloucado
Cria mundos de assustar.
Meu ser se encaixa desajustado aqui
Como se eu não fizesse parte
De nada, do mundo em si,
Mas de meu próprio universo,
Que então no mundo vi.
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E tudo em mim faz pulsar.
Pulsa o pulso e o corpo
O coração a saltar,
Pulsando incessante
Esse meu pensar
Que já desatinado
Faz é descompassar
A batida pulsante
Que pulsa a amar.
Tudo em mim é imperfeito.
Reconheço, críticas teço.
Tudo de mim me faz amar,
Sinto e estranha pareço.
Sinto por desapontar,
Pois tudo tem um preço
Ainda que caro a pagar
No fim ou no começo.
E sinto a pulsar meu coração imperfeito
Que insiste em lhe amar
Agora e outrora
Em todo o tempo que há
Há lembrança arredia
Que insiste em voltar
Toma toda minha mente
Me preenche e me faz
Relembrar quando a gente
Se amava demais.
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O impulso premente se faz aqui
Eu jaz a sentir
A razão sem bom senso
Fugindo de mim
Dando lugar a loucura
Causada por ti
Horas tortas, destino
Que insiste em existir.
A loucura cria arte
E ela foge de mim
Não produzo mais nada
Só produtos de mim,
Em desenho ou palavras
Engendradas aqui,
Que disputam na arte
O dom de exprimir
Meus mais fundos anseios
Que escondo de ti.
Me ocultando, revelo
Uma parte de mim,
Que omitida mostra
Que sou mesmo assim,
Ser complexo e tosco,
Sem começo nem fim,
Escrevendo uma história
Já contada por mim.
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Não calarei minha voz
Que clama por ti,
Clama por nós!
Não viverei em vão
Sem contar a história
Da nossa canção.
Soará em descompasso
Qualquer rima de mim
Que não buscar enlaço
Em nosso jardim.
Plantação de desejos
e sonhos sem fim,
Enterrou nossos medos
E coisas ruins.
Já de ausência me faço
Mas não espero existir
O mantendo em percalço
Distante de mim.
Não aceito o que fazes
Se não fores por nós
Se tornando insensato
Num abismo algoz.
Todo tempo que passe
Sem poder contemplar
A leveza e o cansaço
Em virtude de amar
Não é tempo que valha
Muito a pena viver,
Pois o amor se abastece
Em amor pra viver.
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