quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Urgência da alma...

Há algo dissonante,
Algo meio salutar
Prosseguindo adiante
Retornando ao seu lugar.

Parecia algo novo
Nova ideia e inspiração
Perfazendo novamente
A mesma mente em questão.

Caminhando obstinada
Sempre a frente a pisar
Viu sua imagem num rio d’agua
Refletindo o seu penar.

Mas pensou indignada:
Dessa vez, comigo não!
Se não mata essa ideia
Ela a matará então.

Outros chegam e lhe pedem
Que traduzam em canção
O que não sai de outras bocas
Mas transborda ao coração.

E inversamente segue
Anunciando aos que veem,
Já não peço que me escrevam,
Peço apenas que me leiam.

Me traduzam se puderem
Mas não me atribuam não,
Palavras em minha boca
Que ditas por mim não são.

Deixo tudo registrado
Em palavras a se incrustar
Em papeis e telas claras,
Mais palpáveis que meu olhar.

Saibam todos os que me lerem
Que não precisam me escrever.
Em mim esse grande ofício
De escrita é mais sofrer.

Não descrevam nunca a mim,
Registrando por suas mãos,
Pois assim eu sei que nunca
Serei EU em teu cartão.

Já me fiz e me refiz,
Registrei e avisei.
Não respondo por me leres
Ao inverso do que tens.

Respondo pelo que escrevo
E não pelo que compreendeis.
Numa lida toma a artista
Meu estilo agora é teu.

E sabendo dele segue
E se apropria do que é meu
O discernimento segue
Faça dele o apogeu...

                       Responsável és agora
                      Por me ter no coração.

Sou responsável pelo que escrevo,
E não pelo que compreendeis.
Por isso, não peço que me escrevam,
Mas só que possam ler,

Pois assim os desobrigo
De carregarem  fardos meus,
De traduzir minh’alma
Como fiz a quem morreu.

                           P. Pettine 

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