Um poeta habita em mim
E manifesta sua dor
Aconselho a pôr um fim
Procurando algum doutor.
O poeta não dá trela
E a mim nem atenção
Seu sentido se enreda
Ao meu em sutil menção.
Conflitante coabita
Astuto, o meu coração.
Ao poeta passo a rima
Inflando minha emoção.
Acho que não sei de nada
Deduzir só sou capaz
Ao conceder-lhe a morada
Logo cúmplice me faz.
Habitada de poesia
Acostumo-me a viver
Tantas noites, todo o dia
Duelando em meu ser.
E de antíteses desponta
Muitos trechos de sua dor,
Ora forte, ora fraca
Travestida de amor.
Desconheço a empreitada
Dessa construção sem fim,
Que de meu ser fez morada
Engendrada em teu jardim.
Já não sei de quem é mérito
Tanta palavra transpor
Da hospedeira jaz sem nexo
Ou do poeta da dor.
Descobrir talvez não seja
A melhor revelação
Dos mistérios que verseja
Em cada situação.
Habitando em mim se esconde
Quartetos de outro ser
Cuja alcunha corresponde
A de um poeta a esmorecer.
E por poemas se mostra
Em evidência a sua dor.
E não há doutor que possa
Sanar males de amor.
Mas se há enfermidade
Nesse talo de emoção,
Independente da idade
O prognóstico é paixão.
Habitando em mim, doente
Apaixonado há de ser
O poeta expoente,
Retalhado de viver.
Um poeta habita em mim
E manifesta sua dor.
Vulnerável vou assim
Ajudá-lo a ser quem sou.
P. Pettine
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