sábado, 2 de março de 2019

Metade - o Amor que tudo preenche

Essa METADE, que fora um dos poemas que mais recitei nos saraus por aí, deixo novamente aqui, ao meu modo, por me revelar a alma e me tocar tão profundamente. Sou grata ao poeta Oswaldo, por decifrar a alma de outros poetas de modo tão singelo, singular e intenso. Eis a mim, transmutada em palavras de poesia:

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito,
Não me tape os ouvidos nem a boca,
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza,
Que a pessoa que amo seja pra sempre amada,
Ainda que distante,
Pois metade de mim é partida,
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece,
nem repetidas com fervor,
Apenas RESPEITADAS como a única coisa
Que resta a um alguém inundado de sentimentos,
Porque metade de mim é o que ouço,
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço,
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada,
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância,
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
Mas a outra metade, não sei.

Que não seja preciso
Mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito,
E que o teu silêncio me fale cada vez mais,
Porque metade de mim é abrigo,
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba,
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer,
Porque metade de mim é plateia,
A outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é AMOR,
E a outra metade também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário